JBS: Histórico de negócios desmonta versão de insider trading

JBS: Histórico de negócios desmonta versão de insider trading

Segundo advogado Eugênio Pacelli, que defende Wesley Batista, documentos comprovam que empresa não lucrou com delações

PR Newswire

SÃO PAULO, 17 de janeiro de 2019

SÃO PAULO, 17 de janeiro de 2019 /PRNewswire/ -- As operações da JBS no mercado antes do vazamento da delação de seus diretores foram menores ou semelhantes a outras ocorridas antes e depois da divulgação do escândalo. Essa é a conclusão do histórico de operações apresentado por Wesley Batista, ex-CEO da JBS, ao Supremo Tribunal Federal.

A documentação mostra que entre 20 de abril e 17 de maio, quando a delação veio a público, a JBS vendeu 36 milhões de ações ainda valorizadas. Porém, entre 17 de maio e o fim de agosto, vendeu outras 30 milhões já em baixa, aniquilando ganhos em cotação.

Se fosse para lucrar com a divulgação, bastaria a J&F recomprar as ações pelo preço então mais baixo, o que não ocorreu, enfatiza a defesa. O ex-executivo garantiu que ninguém de sua família fez qualquer operação financeira nessa época.

A documentação mostra que a recompra das ações do grupo pela JBS acontecia desde 2008, um ano depois de abrir capital. E prosseguiu depois do afastamento dos irmãos Batista da gestão. Segundo Wesley, o dinheiro da venda de ações foi usado para quitar obrigações da empresa — o endividamento é de US$ 10 bilhões —, e não para recomprar ações.

Histórico cambial da JBS

Trimestre

Estoque

Valor realizado

(em milhões de dólares)

(em milhões de R$)

1º - 2013

150,000

115,000

2º - 2013

4,280,000

410,000

3º - 2013

3,500,000

-380,000

4º - 2013

4,905,000

540,000

Resultado em 2013:

680,000

1º - 2014

5,025,000

-900,000

2º - 2014

6,400,000

-655,000

3º - 2014

6,200,000

1,140,000

4º - 2014

8,100,000

1,400,000

Resultado em 2014:

980,000

1º - 2015

11,400,000

4,500,000

2º - 2015

12,000,000

-2,005,000

3º - 2015

10,400,000

9,500,000

4º - 2015

12,200,000

-1,400,000

Resultado em 2015:

10,600,000

1º - 2016

9,500,000

-5,800,000

2º - 2016

180,000

-810,000

3º - 2016

27,000

-18,000

4º - 2016

50,000

1,000

Resultado em 2016:

-6,650,700

1º - 2017

30,500

-11,000

2º - 2017

1,050,000

217,000

3º - 2017

32,500

-182,000

4º - 2017

-5,000

5,000

Resultado em 2017:

28,600

1º - 2018

57,000

-29,000

2º - 2018

1,350,000

150,000

3º - 2018

1,600,000

212,000

Resultado em 2018:

333,355

*Valores aproximados



Números também refutam acusações de ganhos no mercado de câmbio com a compra de dólares antes de a delação vazar. Contratos de hedge — dólar "futuro" — resultaram em R$ 9 milhões não decorrentes do escândalo, mas sim do valor pré-determinado em contratos com bancos. O Ministério Público Federal havia estimado o ganho em R$ 100 milhões, enquanto a CVM em R$ 500 milhões.

Histórico de ações compradas pela JBS

Ano

Quantidade

Valor

(em milhões)

(em milhões R$)

2008

34.2

195

2009

9.7

76.3

2010

30.7

199.6

2011

22.7

125.3

2012

117.8

938

2013

1.5

9.5

2014

5.9

64.2

2015

96.7

1.432,2

2016

79.5

823.3

2017

25,3*

255.8

2017

2,3**

19.8

*Pré-delação, entre abril e maio de 2017. 

**Pós-delação, em 19 de maio de 2017.

No início de 2017, segundo Wesley, a companhia não tinha dólares em contratos de hedge. Seu Comitê de Finanças recomendou, então, a compra de moeda estrangeira devido aos juros altos nos Estados Unidos e baixos no Brasil. O Conselho de Administração autorizava contratos em valores proporcionais até uma vez e meia a exposição cambial da companhia. Wesley Batista informou que os negócios foram abaixo do teto para operações sem aval da diretoria.

A empresa retomou as aquisições em março e só as vendeu no vencimento dos contratos de hedge.

Os ex-diretores da empresa são investigados por insider trading e manipulação de mercado. Diante da suspeita, a PGR pediu a rescisão dos acordos de delação, o que é analisado pelo STF. Eles permanecem válidos.

Batista reafirmou que os vazamentos não saíram da J&F e que a empresa não sabia da possível divulgação, motivo pelo qual não poderia prever quando vender ações ou comprar dólares seria mais lucrativo.

FONTE Eugênio Pacelli Advocacia e Consultoria

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