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SÃO PAULO, 19 de março de 2020
SÃO PAULO, 19 de março de 2020 /PRNewswire/ -- Há muito tempo, o comitê não descrevia uma mudança tão significativa do contexto econômico que embasa sua decisão.
Se antes a descrição da conjuntura interna permanecia sem grande alterações: "continuidade do processo de recuperação gradual da economia brasileira1", além do cenário externo que "apesar do recente aumento de incerteza, o caráter acomodatício da política monetária nas principais economias ainda tem sido capaz de produzir ambiente relativamente favorável para economias emergentes2", agora, o mais novo texto do Bacem elaborado em ocasião do comunicado à imprensa o cenário mudou drásticamente.
Intenamente, mesmo que os dados ainda não tenham captado os efeitos do Covid-19 na atividade econômica, o Banco Central já reconhece a gravidade da situação descrevendo uma provável queda da atividade com efeitos claramente deflacionários, além do aumento da incerteza no mercado de capitais, tudo isso com magnitude e duração incerta.
Já olhando para o mundo o cenário ainda é mais grave e de efeitos imediatos "a pandemia causada pelo novo coronavírus está provocando uma desaceleração significativa do crescimento global, queda nos preços das commodities e aumento da volatilidade nos preços de ativos financeiros. Nesse contexto, apesar da provisão adicional de estímulo monetário pelas principais economias, o ambiente para as economias emergentes tornou-se desafiador3".
Assim, tudo isso fez que a direção do Copom, em sua última reunião ocorrida nos dias de 17 e 18 de março, decidir, por unanimidade, reduzir a taxa Selic de 4,25% para 3,75% a.a. - uma nova mínima histórica. Essa foi a sexta vez que o BC corta a Selic desde o começo do mandato de Roberto Campos Neto, no começo de 2019.
Interessante evidenciar que a nova redução da Selic contraria a última ata que havia anunciado que o ciclo de quedas chegara ao fim a fim de captar mais adequadamente os efeitos defasados do ciclo de afrouxamento iniciado em julho de 2019.
Vale ressaltar que esta ação também seguiu em linha com diversos bancos centrais ao redor do mundo como o Fed dos Estados Unidos e o BoE da Inglaterra, que reduziram suas taxas de juros, fazedo-as inclusive em reuniões extraordinárias, em regime emergencial.
Projeção: Dado isto, a Lafis revisou sua projeção (Selic) para fins de 2020, passando de 4,25% para 3,75%, mas deixando evidente que tal projeção detém elevada probabilidade de ser alterada já nos próximos meses em virtude de movimentos emergenciais tomados pelo Banco Central que procurem mitigar os efeitos do surto do Covid-19.
Especialista Responsável: Felipe Souza - Economista Chefe. Mestre em Economia pela UNESP Araraquara. Iniciou as atividades na Lafis em 2010, onde é macroeconomista (ênfase em política monetária - inflação e juros), além de ser responsável pelo acompanhamento dos setores de transportes e indústria de base.
1 Trecho retirado da Ata da 228ª Reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil de 4 e 5 de fevereiro de 2020.
2 Trecho retirado da Ata da 228ª Reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil de 4 e 5 de fevereiro de 2020.
3 Trecho retirado da nota à imprensa dia 18 de março de 2020.
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