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RIO DE JANEIRO, 1 de outubro de 2024
MAIOR FÓRUM DE SEGURANÇA INTERNACIONAL DA AMÉRICA LATINA OCORREU NA SEXTA, 27, E CONTOU COM PALESTRANTES DA ÁFRICA DO SUL, ALEMANHA, ARGENTINA, BRASIL, COLÔMBIA, ESLOVÊNIA, ESTÔNIA, FRANÇA E PORTUGAL
RIO DE JANEIRO, 1 de outubro de 2024 /PRNewswire/ --
Fotos Conferência do Forte 2024
Programação
Reflexões sobre as implicações da mudança climática, do avanço do crime organizado e da escalada de conflitos armados na busca por uma ordem mundial justa e pacífica marcaram os debates da XXI Conferência de Segurança Internacional do Forte, realizada na última sexta-feira,27, no Museu do Amanhã, no Rio de janeiro. A 21ª edição do maior fórum de segurança internacional da América Latina teve como tema "Sem Saída? Navegando pela Insegurança Global", uma referência às dificuldades impostas pelos fenômenos contemporâneos à cooperação internacional.
Iniciativa da Fundação Konrad Adenauer (KAS-Brasil) em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) e a Delegação da União Europeia no Brasil, o evento reúne autoridades, diplomatas, representantes das forças armadas e acadêmicos da América Latina e Europa para debater os desafios nas relações internacionais. Todos os palestrantes participaram de forma presencial do evento, transmitido gratuitamente e em quatro línguas pela internet, e que contou com cerca de 1800 mil inscritos de 19 países.
Na abertura da XXI Conferência de Segurança Internacional do Forte, o Diretor da Fundação Konrad Adenauer no Brasil, Maximilian Hedrich, destacou a realização da cúpula do G-20 no Rio de Janeiro, em novembro, como mostra do aspecto cosmopolita do Brasil, que pode desempenhar um papel importante representando e defendo o diálogo e as ações coletivas no cenário internacional.
"Estamos todos navegando na mesma maré de insegurança global e somente podemos resolver os problemas juntos, por meio do diálogo. O mar está agitado, mas essa reunião deve nos ajudar a encontrar o prumo em maré mais calmas", afirmou.
Também celebrando mais uma edição do evento, o presidente do Conselho Curador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), José Pio Borges, exaltou a importância do evento em um momento de escalada de conflitos armados e eventos provocados pela crise climática, e a embaixadora da delegação da União Europeia no Brasil, Marian Schuegraf, citou, entre outras questões, as dificuldades trazidas pelo avanço da inteligência artificial, defendendo alianças forjadas pela crença nos Direitos Humanos.
OS PAINÉIS
"Desafios de Segurança em um Mundo em Desagregação" foi o tema do painel de abertura da Conferência, que contou com a participação do Ministro da Defesa do Brasil, José Múcio Monteiro, bem como do Secretário para Assuntos Internacionais de Defesa do Ministério da Defesa da Argentina, Juan Battaleme, e do Diretor para a Paz, Parcerias e Gestão de Crises no Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE), Cosmin Dobran. Após fala inicial em que alertou para o crescimento do investimento global em defesa e para a ameaça do crime organizado internacional, Múcio defendeu reformas ambiciosas dos organismos multilaterais, reverberando o recente posicionamento apresentado conjuntamente pelos países do G20 na Assembleia Geral da ONU, mencionado pela mediadora Marcia Loureiro, Embaixadora e Secretária de Comunidades Brasileiras e Assuntos Consulares e Jurídicos do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
"A ONU foi criada quando os atuais desafios que ela enfrenta não existiam. A materialização das propostas daqueles que buscam a paz não tem ocorrido. Precisamos democratizar o diálogo e dar mais espaço aos que buscam o consenso", disse Monteiro.
Dobran, por sua vez, sugeriu a construção de soluções não apenas na ONU, mas também em outras esferas, e citou o escritor e diplomata mexicano Octavio Paz: "A liberdade é um combate que se ganha a cada dia".
Com mediação do Conselheiro de Segurança Nacional do Grupo Parlamentar da CDU/CSU no Parlamento Federal da Alemanha, Henning Speck, o primeiro painel temático, "Forjando novos caminhos para o Multilateralismo", reuniu a Diretora de Pesquisa do Instituto Igarapé, Melina Risso; o Secretário-Geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Estônia, Jonatan Vseviov, e ex-Ministro de Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho. Eles apresentaram um panorama da atual situação da cooperação internacional e mencionaram alternativas para aprimorá-la.
"Quanto ao futuro, por um lado, tenho um discurso catastrófico para a humanidade se não fizermos valer o multilateralismo. Mas temos avançado com iniciativas e pautas positivas, como o Pacto para o Futuro", avaliou Cravinho, elogiando a atuação da diplomacia brasileira: "O Brasil tem feito um trabalho muito importante buscando não a utopia, mas o que é possível, mostrando os caminhos".
No painel "Crime Organizado e Democracia: a escala global do Estado Paralelo", Samira Bueno, Diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontou a necessidade de medidas para reduzir a infiltração de contraventores nas instituições democráticas; para reduzir a corrupção de agentes públicos, notadamente aqueles dedicados a combater o crime como os policiais; e para enfrentar a lavagem de dinheiro, uma vez que esse é o objetivo destes grupos na América Latina. "Se não conseguirmos cuidar do nosso quintal, as ações de cooperação internacional não vão funcionar", disse ela, que não vê possibilidade de reforma das polícias brasileiras dada da atual composição do Congresso: "Só iria piorar".
Já o Codiretor do Social Development Group e ex-Vice-Ministro de Segurança e Defesa da Colômbia, Alberto Lara, ressaltou que o crime organizado se beneficia de fragilidades sociais e econômicas geradas pela desigualdade e da ascensão de movimentos nacionalistas. Citou também diversos expedientes usados pelos criminosos para desacreditar sistemas de governo, entre os quais a promoção de uma cultura contrária a valores de Direitos Humanos, na qual a solução dos conflitos se dá pela violência. "Há caminhos, mas não podemos seguir fazendo o mesmo se o resultado tem sido o crescimento dessa ameaça. Precisamos de políticas eficazes e estáveis que promovam justiça social e desenvolvimento em regiões mais vulneráveis", afirmou ele durante o debate, mediado pelo general Fernando Azevedo e Silva, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).
A pesquisadora sul-africana do Instituto de Estudos de Segurança, Kgaugelo Mkumbeni, e o Diretor do Curso de Estudos Militares da Escola Superior de Guerra da Colômbia, general Fabricio Cabrera Ortiz, analisaram as diferentes consequências e reflexos da crise climática no cenário geopolítico no painel "O Clima encontra a Segurança: ameaças locais, impactos globais", mediado por Feliciano Guimarães, professor da USP e diretor acadêmico do CEBRI.
"A realidade é ruim e, mais do que nunca, estamos vendo os efeitos das mudanças climáticas nas nossas vidas. São impactos na saúde, na geração de energia, produção de alimentos, na imigração e na disputa por recursos naturais, que podem agravar tensões geopolíticas e desencadear conflitos", alertou Mkumbeni.
Cabrera, por sua vez, observou que a mudança climática é um inimigo sem bandeiras, sem ideologia, que desestabiliza as sociedades, amplifica as fragilidades e provoca conflitos. "É preciso um enfoque humanitário robusto para tratar da escassez de recursos e fomentar práticas de desenvolvimento sustentável", defendeu.
Por fim, o ressurgimento do autoritarismo e o crescimento de novas formas de nacionalismo em democracias consolidadas foram discutidos no último painel do evento, "No Horizonte: Compreendendo a Escalada das Tensões Geopolíticas". Catarina dos Santos-Wintz, membro do Grupo Parlamentar CDU/CSU no Parlamento Federal da Alemanha, mencionou o fortalecimento da extrema direita em regiões de seu país, nas quais já não é possível formar coalizões sem políticos que não acreditam no Euro, na União Europeia e na própria história da Alemanha.
"O que fazemos? Não descobrimos ainda. É uma situação estranha em que vivemos em uma democracia, mas temos um partido que defende não-valores, que se posiciona contra tudo o que fazemos todos os dias. O que ajuda sempre é a educação política. Muitos eleitores dizem que esse partido não é a melhor alternativa para governar, mas os outros não são bons o suficiente. Então, reconquistar a confiança do eleitorado não apenas nos partidos, mas também nos valores que nos caracterizam é a nossa tarefa", disse ela.
Já Barbora Maronkova, responsável pela Seção de Engajamento de Parcerias Globais na Divisão de Diplomacia Pública da OTAN, e Ronaldo Carmona, Professor da Escola Superior de Guerra (ESG) e Senior Fellow do CEBRI, discorreram sobre a possibilidade, considerada real, de a guerra entre Rússia e Ucrânia se tornar um conflito global e revelaram visões distintas sobre o papel da OTAN no episódio, que foram abordadas também nas perguntas da plateia, estimuladas pelo moderador Oliver Stuenkel, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Acompanhe as redes da Fundação Konrad Adenauer no Brasil para saber mais sobre o evento. Acesse pelo Instagram ou Facebook: @kasbrasil
Sobre a Fundação Konrad Adenauer:
A Fundação Konrad Adenauer (KAS) é uma fundação política alemã independente e sem fins lucrativos que atua nacional e internacionalmente em prol da paz, justiça e liberdade. Nossa missão principal é a defesa da democracia e o fomento da Economia Social de Mercado, com base nos valores da democracia cristã. Além disso, buscamos fortalecer as relações transatlânticas através da cooperação internacional e, para isso, possuímos mais de 107 representações em todo o mundo. Orientamos nosso trabalho em temas chaves como a Inovação, Representatividade e Participação, e Segurança.
Atuamos no Brasil desde 1969 e concentramos as nossas atividades em quatro eixos temáticos: Educação Política, promovendo a participação dos cidadãos na política; Estado de Direito e Políticas Públicas, que forma multiplicadores sobre temas como Direitos Humanos e Democracia; Desenvolvimento Sustentável e Descentralização, onde promovemos encontros com lideranças locais e representantes políticos para promover a boa governança e a sustentabilidade; e Desafios Globais, onde estimulamos as relações não só entre a Europa e a América Latina, mas também entre Brasil e Alemanha, sob os prismas da cooperação e das relações internacionais.
Sobre o Centro Brasileiro de Relações Internacionais:
Fundado há 25 anos pelo Embaixador Luiz Felipe Lampreia, o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) é o principal centro de pensamento e promoção da agenda internacional do país. A instituição prioriza a interdisciplinaridade, a pluralidade e a independência. O Conselho Curador e demais Conselhos do CEBRI são formados por renomados diplomatas, intelectuais e empresários. Estão associadas ao CEBRI cerca de 70 empresas e instituições de diversos segmentos. Os 14 núcleos de trabalho geram debates de alto nível, conteúdo de qualidade e subsídios à formulação de políticas públicas, em temas que impactam a agenda internacional do país. Liderados por especialistas e autoridades reconhecidas, os núcleos têm o objetivo de contribuir para a construção de uma agenda de desenvolvimento, formulação de políticas públicas e inserção internacional para o Brasil.
Sobre a União Europeia:
A Delegação da União Europeia no Brasil foi criada em 1984. É uma missão diplomática de pleno direito e trabalha em estreita colaboração com as missões diplomáticas dos Estados-Membros da UE no Brasil.
A Delegação da UE promove as políticas da UE no Brasil, o que inclui apresentar e explicar as ações da UE ao governo brasileiro, autoridades, sociedade civil e público em geral. A Delegação da UE promove ainda a implementação da Parceria Estratégica UE-Brasil e trabalha para fortalecer as relações políticas e econômicas/comerciais com nossos parceiros brasileiros. A Delegação da UE também realiza um serviço ativo de diplomacia pública e informação, com o objetivo de informar os brasileiros sobre os desenvolvimentos atuais na União Europeia e aumentar a conscientização sobre os interesses e preocupações da UE. Os amplos programas de assistência e cooperação setorial da UE no Brasil abrangem áreas como meio ambiente, mudanças climáticas, direitos humanos, ciência e tecnologia e pesquisa e inovação.
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FONTE XXI Conferência de Segurança Internacional do Forte